Identificar o problema da perda da eficiência brasileira na prevenção e propor a participação da comunidade na construção da Prevenção Combinada foram as bases da apresentação do presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Richard Parker, no 11º Congresso de HIV/Aids e 4º Congresso de Hepatites Virais, na tarde desta quarta-feira (27), em Curitiba.

A apresentação foi parte da mesa redonda Epidemia de HIV no Brasil: desafios e perspectivas, na sala Cascavel.

A Prevenção Combinada diz respeito à toda gama de opções cientificamente eficazes de prevenção ao HIV em relação à única opção disponível até pouco tempo atrás: o preservativo. São eles o Tratamento como prevenção (TcP), a Profilaxia Pós-exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-exposição (PrEP).

Para a construção de uma pedagogia, Parker apresentou uma analise histórica do conceito do “sexo seguro”, que desde a década de 1980 se restringiu ao uso de camisinha, além do excesso da biomedicalização do tema.

“A prevenção no Brasil perdeu o eixo no Brasil quando os especialistas em saúde pública a tomaram de assalto das pessoas. Elas que sempre souberam como se prevenir, de repente passaram a ser tratadas como um depósito de normas. É hora de ouvir a comunidade e fazer uma autocrítica”, afirmou Parker.

Além da valorização do conhecimento das pessoas, Parker apontou que uma estratégia eficiente precisa envolver todas as tecnologias de prevenção disponíveis, ao mesmo tempo que o país precisa revisitar as raízes da sua política de prevenção. “Temos que retornar para o caminho que fez do Brasil uma referência mundial na prevenção do HIV/Aids, que foram a luta politica, a mobilização comunitária e a defesa dos direitos humanos”, considerou, lembrando que a prevenção nunca esteve conceitualizada como direito humano, ao contrário do tratamento, o que acaba se constituindo como barreira.

Para Parker o Brasil parou em uma espécie política se  prevenção “inacabada”, que precisa avançar com a participação da população e sua diversidade.

“Precisamos trabalhar uma educação mais enraizada politicamente para enfrentar as exclusões que causam a vulnerabilidade ao HIV. Há muitas outras formas de combater aa transmissão do vírus e cada grupo pode escolher a sua, camisinha não é única forma de prevenção”,  concluiu.