Por: El País
Reportagem publicada hoje no jornal El País relata episódios ocorridos na Gautemala e na Tailândia em que embaixadores americanos pressionaram autoridades locais para evitar adoção de medidas pró-genéricos. A reportagem associa a pressão norte-americana à defesa dos interesses dos laboratórios com sede no país, e baseia-se em documentos vazados pelo site Wikileaks.
Na Tailândia por exemplo, em 2004, quando Oscar Berger assumiu a presidência, uma grave crise estava instalada. O governo chegou a assumir que companhias farmacêuticas transnacionais estavam conspirando com dirigentes do instituto de seguridade social, alvo de escândalos de milhões de dólares. Uma iniciativa do Ministro da Saúde, Marco Túlio Sosa, apoiada pela premio Nobel da paz Rigoberta Menchú, e pela Organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) culminou em um projeto para eliminar a proteção de dados que restringia o acesso a medicamentos genéricos.
O projeto foi aprovado no congresso de forma unânime, pois nenhum parlamentar quis se opor com medo de ser identificado como lacaio da indústria. Foi então que o embaixador americano entrou em ação e pediu ao presidente para que a lei fosse vetada. Isso não aconteceu em um primeiro momento, o que só fez as pressões aumentarem. Um segundo embaixador chegou a ameaçar excluir a Guatemala do CAFTA (tratado de Livre Comércio entre Estados Unidos, América Central e República Dominicana). Além disso, uma campanha midiática foi feita para difamar a influente Rigoberta Menchú, acusando-a de vender franquias de uma farmacêutica mexicana. A Guatemala acabou cedendo e revogou a lei.