Por: Diário de SP

Pacientes com doenças graves têm encontrado dificuldade para conseguir remédios gratuitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A lista inclui medicamentos para tratamento de câncer, aids, terapia hormonal, esclerose múltipla, entre outras doenças. O problema se evidenciou, na semana passada, quando o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica admitindo a dificuldade de distribuição de algumas marcas, principalmente para combater o HIV. O resultado foram filas em hospitais e controle no fornecimento de alguns comprimidos.

O problema já mobilizou entidades que militam na área, que farão um protesto no próximo dia 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, em frente à Secretaria Estadual de Saúde em defesa do SUS.

Segundo o presidente do Fórum das ONG Aids do estado de São Paulo, Rodrigo Pinheiro, a situação para os pacientes que tomam Saquinavir é crítica, pois o medicamento está em falta em alguns hospitais da capital. "A situação já chegou ao ponto crítico. A informação que eu tenho é que não há previsão de quando vai chegar."

A falta do Saquinavir, Atazanavir e Didadosina, todos antirretrovirais, prejudica cerca de 33 mil pessoas em todo o país. Se algum um paciente tiver de pagar, o tratamento com esses remédios seria de R$ 7 mil por mês aproximadamente.
Para os pacientes com linfoma (tipo de câncer no sistema linfático), a situação também é precária. Uma portaria do Ministério da Saúde limitou o tratamento apenas para um tipo de tumor: o linfoma difuso de grandes células B, o mesmo que vitimou a presidente Dilma Rousseff, em 2009. Com isso, cerca de 500 portadores de outros tipos de linfomas no estado estão sem o medicamento Mabthera. Se tiverem de pagar, o tratamento custa cerca de R$ 7 mil por mês.

"É muito triste ter de acompanhar a piora da doença em várias pessoas e muitas vezes a morte por descuido ou rapidez de análise das autoridades competentes", afirmou a presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), Merula Seteagall.

Outro lado /Por meio de nota, o Ministério da Saúde negou risco no tratamento de pacientes que utilizam antirretrovirais. Porém, disse que um "lote de Atazanavir deve ser enviado aos estoques dos estados até 25 de março". No caso de Didanosina e Saquinavir haverá um remanejamento dos estoques.

No caso do Mabthera, o ministério explicou que o fornecimento é uma atribuição dos hospitais oncológicos públicos ou credenciados ao SUS.

Já a Secretaria Estadual de Saúde informou por meio de nota que apenas cumpre a portaria do Ministério da Saúde, que alterou a distribuição de medicamentos.

Defensoria Pública atende pacientes de baixa renda
Quem não consegue comprar o remédio ou o estado se recusar a fornecer pode procurar a Defensoria Pública na Avenida Liberdade, 32, das 7h às 9h30 para retirar senha.

 

33 mil

pacientes de aids podem ficar sem o medicamento

Órgão entrou com 20 ações por mês neste início de ano
A Defensoria Pública entra com cerca de 20 ações judiciais por mês contra o estado para fornecer medicamentos. O principal remédio solicitado é insulina para diabéticos.

Governos federal, estadual e municipal fornecem remédio

Medicamentos de uso controlado e até os de alto custo devem ser distribuídos gratuitamente. Na maioria dos casos é necessário ter a carteirinha do SUS e receita médica.

7.000

reais é quanto custam os antirretrovirais para o tratamento de HIV

Em falta na prateleira
Hospitais ficaram sem antirretrovirais

Os pacientes de aids tiveram dificuldade de encontrar os remédios Atazanavir, Didanosina e Saquinavir. O Ministério da Saúde promete regularizar distribuição.

Pacientes com linfoma sem remédio
O medicamento Mabthera para pacientes com linfoma parou de ser distribuído pela Secretaria Estadual de Saúde. Os hospitais

Regiane Soares von Atzingen