Nos últimos quatro anos, se o Peru tivesse pago o preço de medicamentos genéricos pelo antirretroviral Atazanavir, teria economizado US$ 21,8 milhões no seu orçamento. O montante equivale à construção de cinco centros de saúde, renovação de equipes médicas e milhares de serviços médicos que a população não recebe acaba virando lucro para um laboratório transnacional. Essas e outras comparações estão em um vídeo realizado pela Ação Internacional para a Saúde (AIS-Peru) e Rede Peruana por uma Globalização com Equidade (RedGE), publicado na última sexta-feira (22).

A iniciativa apresenta a dimensão do quanto a patente do Atazanavir, distribuído no país sob o nome comercial Reyataz e fabricado pela farmacêutica Bristol Myer Squibb (BMS), dos Estados Unidos, prejudica o orçamento do governo peruano, que usa 54% destinado à compra de antirretrovirais somente para o Atazanavir, chegando a pagar US$12 por comprimido, 25 vezes mais caro do que Bolívia, Nicarágua e República Dominicana (US$ 0,50 por comprimido)

O vídeo também mostra que a farmacêutica ignorou um pedido de Licença Voluntária feito por organizações da sociedade civil. Em outra ação, as organizações pressionaram o Ministério da Saúde pelo decreto da Licença Obrigatória baseado no interesse público, na qual se juntaram posteriormente Defensoria Pública, universidades, associações de laboratórios, mas sem sucesso a partir da política distorcida de abertura econômica do governo se opõe aos interesses da população.

A BMS possui o direito sobre a patente do Atazanavir até 2019. No Peru existem 64 mil casos de HIV, sendo que 24 mil recebem tratamento.

Com a falta de decisão do poder executivo, em maio deste ano, a Comissão de Saúde do Congresso aprovou um relatório declarando Atazanavir de interesse público, que aguarda pela votação em plenário.

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