Enquanto o remdesivir pode acelerar a recuperação de pacientes com a Covid-19, a hidroxicloroquina pode não ser segura e pode tornar as pessoas menos propensas a melhorar.

Essas são as conclusões dos novos dados relatados nos últimos dias, à medida que países da Europa começam a relaxar os bloqueios por coronavírus e vislumbram medidas para iniciar a recuperação econômica.

Os resultados com o remdesivir, da farmacêutica Gilead, dos Estados Unidos, são uma atualização do estudo ACCT-1 de 1.063 pacientes que catapultou o medicamento para a frente dos demais candidatos a tratamento contra a Covid-19 e sustentou sua autorização para uso de emergência nos EUA.

Publicados no New England Journal of Medicine, os novos dados reforçam a mensagem de que o medicamento é seguro e parece reduzir o tempo que as pessoas precisam para permanecer no hospital, mas em uma nova reviravolta sugere que a maior parte de seu benefício está nas pessoas que estão menos doente.

Aqueles com os sintomas mais graves que precisaram de ventilação mecânica como parte de seu tratamento – que têm a maior taxa de mortalidade – não apresentaram melhoras com o medicamento.

No geral, os resultados atualizados revelam que os pacientes que receberam remdesivir se recuperaram em uma média de 11 dias, em comparação aos 15 dias daqueles que receberam placebo.

A taxa de mortalidade no grupo remdesivir foi de 7,1%, em comparação com 11,9% no grupo placebo – uma diferença não significativa que melhora um pouco na leitura anterior do estudo.

Com o remdesivir ainda em falta, a descoberta sugere que, pelo menos inicialmente, ele deveria ser reservado para uso em pacientes que não estão gravemente doentes com a Covid-19, embora os pesquisadores observem que os dados ainda não estão bloqueados para todos os pacientes e será necessária uma atualização adicional “para entender completamente a eficácia do remdesivir neste estudo”.

OMS suspende frente de estudo com hidroxicloroquina

Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu suspender a dosagem de hidroxicloroquina em seu teste SOLIDARITY após encontrar um risco aumentado de morte em pacientes que receberam o medicamento – que o presidente Donald Trump diz que está tomando profilaticamente para evitar contágio do coronavírus.

A decisão de interromper o tratamento com a hidroxicloroquina e a droga relacionada com a cloroquina, decorre de uma análise de registro publicada na semana passada na revista médica The Lancet, analisando registros de quase 15 mil pacientes, que encontraram um risco elevado de arritmias ventriculares e “menor sobrevida hospitalar” quando usado em pacientes com Covid-19.
A OMS lançou uma revisão dos dados que possuia sobre a aplicação da cloroquina e hidroxicloroquina no SOLIDARITY, mas continuará administrando pacientes nos outras frentes onde estão em testes o remdesivir, originalmente para tratamento do vírus ebola; associado ao medicamento Kaletra (lopinavir/ritonsvir) da AbbVie, usado contra HIV/AIDS, e o interferon beta-1a.

Porém, nem todos concordam com a posição de advertência da OMS sobre a segurança da hidroxicloroquina. O professor Peter Horby, que lidera o teste de recuperação em larga escala da Universidade de Oxford de medicamentos contra o coronavírus, disse ao programa Today, da BBC, que sua equipe não reconheceu ainda este alarme de segurança.

“O maior estudo de Covid-19 em todo o mundo, com mais de 10 mil pacientes inscritos – pode ser um juiz mais justo para a hidroxicloroquina, pois vem de um estudo prospectivo e randomizado, em vez de olhar para os registros hospitalares”, disse ele.

A equipe RECOVERY revisou seus próprios dados em resposta ao anúncio da OMS, mas não encontrou um risco aumentado de morte, por isso está avançando com a frente da hidroxicloroquina em seu estudo.

O estudo testou hidroxicloroquina com o antibiótico azitromicina; o esteróide dexametasona, da RoActemra; o anti-inflamatório do Kaletra e da Roche (tocilizumab), contra a Covid-19.

Hoje, a equipe de Oxford adicionou outra frente de tratamento ao estudo que analisará o uso de plasma convalescente que foi coletado de doadores que se recuperaram da Covid-19 e contém anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2.

Traduzido de PMLiVR

Com imagem de Daily Mail