De manifestação em manifestação, a Argentina segue o martírio da austeridade em função da escolha nas urnas de um projeto de governo que implementa uma agenda econômica liberal. Desta vez, mais de 300 organizações marcharam nessa quarta-feira (3), na capital Buenos Aires, contra os ajustes anunciados do governo de Mauricio Macri e pela defesa da saúde pública. A manifestação teve início na sede do Ministério da Saúde e seguiu até a Plaza de Mayo com sindicatos, organizações sociais, políticas, comerciais, de direitos humanos, além de associações da sociedade civil, científica e acadêmica.

Os manifestantes denunciaram a redução do orçamento para a Saúde, que entre outros problemas, vai resultar no fechamento de programas e agravar a falta de medicamentos para quem necessita.

Além da capital, também foram realizados protestos nas províncias argentinas. Todas serão afetadas pelo ajuste das contas públicas acordadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) cuja consequência foi o rebaixamento no status de governança da Saúde, de ministério para secretaria, o que anuncia a iminente piora na execução das políticas a partir do corte anunciado de 74% (91% em termos reais) de acordo com números do esboço do orçamento de 2019, enviado ao Congresso pelo Poder Executivo.

Na ausência de uma cobertura televisiva no Brasil e da mídia corporativa sobre os acontecimentos na Argentina, é possível acessar a cobertura realizada pelos ativistas via Twitter pelas hashtags  #MarchaFederalPorLaSalud e #DefiendoLaSaludPublica

“O ajuste na Saúde, mata!”

Entre as organizações presentes, o Grupo Efecto Positivo (GEP) integra a Frente Nacional para a saúde de pessoas com HIV, a fundação chamou atenção para 30% das pessoas que poderão ficar sem a medicação com a redução do orçamento de 2019.

A fundação constatou que o corte para 2019 será na ordem de US$ 43 milhões a menos para os investimentos em prevenção, compras e distribuição de medicamentos para o HIV, hepatites virais, tuberculose, lepra, malária e infecções sexualmente transmissíveis.

“O custo deste ajuste brutal realizado pelo governo nacional com as mãos do FMI é criminoso e inaceitável”, afirmou a diretora executiva da Fundación GEP, Lorena Di Giano.

Na chegada da manifestação à Plaza de Mayo, foi lido um comunicado assinado pelas mais de 300 organizações participantes. “A eliminação do Ministério da Saúde sintetiza o abandono do papel do Estado na garantia do direito à saúde ao povo, por isso convocamos esta Marcha Federal em Defesa da Saúde Pública”.

Com imagens de #LaGarcía e Nodal