No tema da universalização e saúde pública, o Reino Unido celebrou o centenário de dois marcos legais que deram uma resposta necessária à epidemia de DSTs no Reino Unido estabelecendo clínicas de saúde sexual em todos os países do bloco, com serviços gratuitos e confidenciais e proibiu o tratamento de doenças venéreas por pessoas não qualificadas e a publicidade de remédios.

A história do regulamento de Saúde Pública para Doenças Venéreas de 1916 e a Lei de Doenças Venereis de 1917 está retratada em um vídeo de animação da Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV (BASHH), onde são destacados os reflexos da legislação nos cuidados atuais contra o HIV/Aids.

Mas o período de celebração também trouxe reflexões e críticas. Em artigo publicado no The Guardian, o médico especialista em Saúde Sexual e HIV, Verity Sullivan, afirmou que apesar dos avanços nos últimos anos, observa com procupado a atual falta de investimentos ameaçar o tratamento de infecções sexualmente transmissíveis como Gonorréia e Sífilis. “Palavras que meus pacientes ouvem e tendem a estremecer, que existem há séculos, prontas para causar estragos no corpo inteiro para quem não tem acesso a testes e tratamento”, alerta.

Para Sullivan, o reconhecimento da necessidade de educação, prevenção e acesso aos cuidados de saúde sexual marcou o início de uma viagem incrível para um sexo saudável e relacionamentos para todos e que não podem ser colocadas em risco pela opção política da austeridade. Cortes no orçamento de saúde sexual e reprodutiva na ordem de 20% estão impactando na redução de equipes e nos horários de atendimento e mesmo no fechamentos de clínicas.

“É a realidades sombria enfrentada pela minha especialidade, colocando pacientes em risco e deixando-os mais vulneráveis, sem voz e preparando o caminho para o avanço das DSTs, resistência aos antibióticos, gravidez não planejada, abuso sexual e mutilação genital feminina (MGF)”, adverte.

Sullivan conclui sua reflexão ressaltando como clara a necessidade de investimento em serviços de saúde sexual e reprodutiva ao lado da comunidade e apela para que o governo se inspire no progresso dos últimos 100 anos. “Muitas vidas foram perdidas em situações evitáveis, não há desculpas para perder mais”.

Príncipe Harry diz que a falta de educação sobre o HIV é “absurda”

Durante visita à Escola de Higiene e Medicina Tropical esta semana, em Londres, o príncipe Harry criticou a falta de educação para os jovens no HIV.

“Para mim, é totalmente absurdo que na sociedade de hoje, já seja tarde demais para muitos jovens quando ouvem falar sobre HIV e AIDS pela primeira vez”, afirmou. Para ele a Educação é o principal caminho para promover a conscientização necessária para atingir o objetivo global do fim da epidemia de AIDS até 2030.

Hoje com 32 anos, Harry se tornou um ativista proeminente do HIV/Aids por meio da sua instituição Sentebale criada em 2006 para ajudar crianças em África. Ele segue o trabalho de sua mãe, a princesa Diana, que abriu em 1987 a primeira unidade de HIV/Aids da Grã-Bretanha em um gesto que se tornou um marco contra o estigma da doença ao estender a mão e beijar um paciente de Aids durante uma visita ao hospital.

Números

A AIDS é a segunda causa mais comum de morte entre adolescentes no mundo todo e a principal causa de óbito entre adolescentes entre 10 a 19 anos na África, de acordo com o programa Unaids, das Nações Unidas. Ao todo, cerca de 36,7 milhões de pessoas em todo o mundo têm o HIV, mas apenas metade tem acesso ao tratamento e muitos desconhecem que têm o vírus, cuja transmissão pode ocorrer por meio do sangue, sêmen e leite materno.

Com informações de The Guardian e Reuters.

Imagem: 38Degrees