As autoridades sanitárias dos Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (3) a suspensão dos testes de uma vacina experimental contra o HIV que vinha sendo feito na África do Sul. O estudo, que havia obtido bons resultados em sua primeira etapa, se mostrou ineficaz na prevenção da infecção.

O regime é baseado na vacina com o vetor viral da varíola dos Canários, chamado ALVAC-HIV, da Sanofi Pasteur, com uma vacina da subunidade de proteína gp120 de dois componentes fornecida pela GlaxoSmithKline (GSK).

“Uma vacina contra o HIV é essencial para pôr fim em uma pandemia mundial, esperávamos que essa candidata a vacina funcionasse. Infelizmente, não foi o que aconteceu”, disse diretor do Instituto Nacional de Alergias e Enfermidades Infecciosas (NIAID), Anthony Fauci.

O estudo chamado HVTN 702, começou em 2016 com a única candidata a vacina que havia demostrado alguma proteção contra o vírus que causa a Aids em um teste na Tailândia em 2006. O experimento atual, na África do Sul, incluiu 5,4 mil voluntários soronegativos entre homens e mulheres sexualmente ativos com idades entre 18 e 35 anos, espalhados em 14 diferentes locais.

Os pesquisadores alteraram a composição da vacina usada no estudo tailandês para tentar melhorar sua eficácia, mas sem sucesso. Eles alvejaram o subtipo de HIV predominante na África do Sul, aumentaram o número de injeções administradas e adicionaram um adjuvante imunoestimulante (MF59), também fornecido pela GSK, à formulação.

Voluntários recebiam vacina aleatoriamente

Os participantes recebiam, aleatoriamente, durante 18 meses, o regime de vacina ou injeções de placebo. A fim de garantir a segurança dos voluntários, também foi proporcionado acesso a profiláticos, incluindo a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).

Entre aqueles que receberam a vacina, foram registradas 129 infecções por HIV e entre os que receberam placebo, foram confirmadas 123 infecções. Razão pela qual o teste foi suspenso.

África do Sul tem os índices de HIV mais altos do mundo

A África do Sul possui uma das taxas de contaminação por HIV mais elevadas do mundo. Segundo o programa da Unaids, mais de 20% da população adulta entre 15 e 49 anos é soropositiva no país. Pelo menos 240 mil pessoas foram infectadas pelos vírus em 2018, data das últimas estatísticas anuais oficiais.

“Embora este seja um revés significativo para este campo (de pesquisa), devemos continuar a busca de uma vacina preventiva”, disse a diretora de protocolo do teste e ex-presidente da Sociedade Internacional de Aids, Linda-Gail Bekker.

Atualmente existem outros testes de vacina em curso. Um está sendo feito na África subsaariana e na África do Sul; outro em vários países da América e da Europa.

Publicado em RFI