Por: Jornal do Commercio – PE
Causa de morte de quase dois milhões de pessoas no planeta e 4,7 mil brasileiros anualmente, a TUBERCULOSE encontra no nosso País um ambiente propício ao seu desenvolvimento. Dados divulgados recentemente apontam que 80% dos casos se concentram em apenas 22 países – entre os quais o Brasil, onde são acometidas 72 mil pessoas por ano. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), que encomendou pesquisa ao Instituto Datafolha, o ambiente é propício devido sobretudo à desinformação: a maioria da população desconhece as formas de disseminação e contaminação. Sem tratamento adequado – que dura seis meses – estima-se que cada indivíduo contaminado pode espalhar a enfermidade para até 15 pessoas. E muitos diagnósticos são feitos nos setores de emergência dos hospitais, em estágios avançados, quando a transmissão já aconteceu. Por isso a importância de uma campanha nacional de esclarecimento e prevenção que leve ao diagnóstico precoce e ao tratamen
Segundo o levantamento, feito com representantes de todas as classes sociais em 143 cidades no País, apenas 1% dos entrevistados listados soube dizer que a doença se propaga a partir das gotículas de saliva dos infectados. Além disto, relativamente poucos mencionaram a febre, a dor nas costas e no peito como sintomas, ao lado da tosse contínua, citada por 55%. Na opinião da SBPT, os resultados são um alerta para a necessidade de ações educativas. O Ministério da Saúde precisa liderar campanha de alcance nacional, chamando os possíveis infectados para a realização de testes, bem como desenvolver formas de monitorar os tratamentos. Outro elemento preocupante é a associação com os portadores do vírus HIV, uma vez que a principal causa de morte de aidéticos é exatamente a TUBERCULOSE.
A persistência na condição de um dos poucos países em que a TUBERCULOSE apresenta forte incidência é certamente um dos fatores que respondem pela ampliação do setor de tuberculostáticos do Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe), anunciada em maio do ano passado. Com a reforma, ao custo de R$ 5,5 milhões – quantia igual à metade do custo de tratamento da doença anualmente no País – a capacidade de produção para remédios para a TUBERCULOSE salta de 8 milhões de unidades para 100 milhões de unidades por ano. O investimento é justificado, mas seria preferível não precisar de tanto remédio contra uma doença que deveria ser prevenida por doses maciças de informação em primeiro lugar. Informação inclusive para os médicos, que muitas vezes ignoram os sintomas e prescrevem antitérmicos para gripe comum, contribuindo assim para a propagação do desconhecimento do doente, tanto quanto para o surgimento de novos casos. A transmissão só começa a ser barrada duas semanas depois do início da medicação adequada.
Em dezembro, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), assinou convênio com o laboratório indiano Lupin, para fabricar a partir do segundo semestre um remédio que possui a vantagem de ser a combinação de quatro medicamentos em um. O protocolo de cooperação irá possibilitar a economia na importação, com a transferência de tecnologia para produzir o princípio ativo aqui. O objetivo é diminuir a interrupção nos tratamentos, que requerem ingestões diárias durante até seis meses e são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O índice de abandono no País é de 12%, mais que o dobro do nível aceito internacionalmente. Abandonar o remédio é muito arriscado, pois proporciona o aumento da resistência da bactéria, dificultando a cura.
Este ano, o SUS irá testar um novo exame capaz de detectar a TUBERCULOSE em duas horas, agilizando os cuidados que devem ser tomados pelos pacientes. Pelo método, chamado de GeneXpert, já referendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a secreção respiratória é analisada por uma máquina, que verifica a presença do bacilo de Koch. Os testes serão realizados no Rio de Janeiro e em Manaus, que lideram as estatísticas da enfermidade no Brasil.