Artigo de membro do Conselho Consultivo da Presidência sobre HIV/Aids (PACHA), Adaora Adimora, explica a destruição das políticas e os retrocessos em seis meses de Trump na presidência dos EUA. Na semana passada, seis conselheiros pediram demissão por considerar que o presidente simplesmente “não se importa” com o tema HIV/Aids.

O artigo considera que os números alcançados pela Estratégia Nacional de HIV/Aids estão ameaçados. A efetividade do plano, que completa sete anos em julho, possibilitou imaginar mesmo o fim da epidemia. Os principais fatores que podem trazer retrocesso são:

– Propostas para retirada de milhões de pessoas do Medicaid (atenção básica e outros serviços essenciais);
– Propostas para bloqueio do financiamento federal de assistência às mulheres com HIV e prevenção de DSTs;
– Propostas para cortes nos fundos para pesquisa que prejudicam esforços para desenvolver curas e melhorar a prevenção e tratamento.

Em resumo: a administração atual em sua essência abdica da responsabilidade pelos pobres e desvaloriza a saúde pública do país.

O autor aproveita para relacionar ações de outras áreas que atinge os cidadãos mais vulneráveis economicamente como a redução do financiamento para programas federais de habitação, educação, assistência alimentar e assistência social, todas estas na iminência de substituição por políticas que se mostraram fracassadas. Ele clama ao Congresso pela reversão da tendencia de um futuro sombrio seguindo quatro premissas:

1- Reconhecer o progresso
– Entre 2008 e 2014, o número anual de novas infecções por HIV caiu 18%.
– Esta queda gerou uma economia em custos de tratamento de US$14,9bi.
– O percentual de pessoas com HIV em tratamento aumentou 55%.
– A taxa de pessoas com HIV sem coberturas para tratamento caiu 6% nos estados que expandiram o Medicaid.

2- Seguir a ciência
– Houveram avanços sem precedentes nas últimas três décadas por conta das pesquisas com tratamentos mais efetivos e menos tóxicos.
– Está comprovado que tratamentos eficazes mantém pessoas com HIV saudáveis ​​e reduz o risco de transmissão do HIV para perto de zero.
– A ações de prevenção de troca de seringas, educação sexual abrangente e PrEP também se mostraram muito eficazes

3- Mudar o curso
– Trump e o Congresso ainda podem prevenir crises nacionais de saúde pública em várias frentes, incluindo o HIV, o vício de opióides e a hepatite C.
– Manter a cobertura de saúde dos americanos beneficiários do Medicaid.
– Congressistas devem trabalhar junto aos planos de saúde e representações profissionais para reduzir os custos e desenvolver, ao invés de reverter, os ganhos dos últimos anos.
– Priorizar saúde, bem-estar e educação dos mais vulneráveis ​​na tomada de decisões que envolvam financiamentos federais.
– Abandonar as políticas de sabotagem do sistema público de saúde.

4- Agir agora
“Não podemos voltar atrás, 45% das pessoas diagnosticadas com HIV ainda não são efetivamente tratadas por isso. Mais de 200 municípios dos EUA estão em risco de surtos sérios de HIV ligados ao uso de drogas injetáveis. A pesquisa indica que até um em dois homens homossexuais negros poderia ser diagnosticado com HIV durante sua vida. Precisamos de uma forte liderança política em todos os níveis e ativismo para educar os que estão no poder sobre o que está em jogo”.

Com informações da Time