Embora estudo tenha concluído que o medicamento diminuiu as internações em até quatro dias, os resultados também mostram que a substância não ajuda em casos mais graves que necessitam de ventilação mecânica.
Em um trabalho de desenvolvimento em conjunto com farmacêutica Gilead Sciences, dos Estados Unidos, o Reino Unido anunciou o uso do medicamento remdesivir no Sistema Nacional de Saúde (NHS) para o tratamento da Covid-19.
Por meio da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido (MHRA), o governo passa a disponibilizar o remdesivir para tratamento da Covid-19 apenas para pacientes “selecionados”, onde serão priorizado os casos onde haja maior probabilidade de benefício com o medicamento antiviral.
Dados recém-publicados do estudo AACTT-1, com 1.063 pacientes tratados com remdesivir, mostraram que em um curso de dez dias, houve redução de até quatro dias no tempo em que as pessoas com a Covid-19 passam no hospital, de 15 caindo para 11 dias, mas os resultados também sugerem que o medicamento não ajuda em casos mais graves em pacientes que necessitam de ventilação mecânica.
Para o MHRA, os resultados sugeriram que o remdesivir deve ser reservado para uso em pacientes que não estão gravemente doentes com a Covid-19, enquanto ele estiver em falta, ressaltando que a decisão foi tomada após uma “avaliação rigorosa da relação benefício/risco do medicamento”.
A mudança da MHRA ocorre quando os registros de óbitos por coronavírus no Reino Unido caíram para o nível mais baixo desde o início de abril, com reduções na população em geral e nas instalações de atendimento domiciliar.
O secretário de Saúde, Matt Hancock, afirmou em seu perfil da rede social Twitter, que a aprovação do remdesivir foi “provavelmente o maior passo dado desde o início da crise do coronavírus”.
Indicação acontece em regime antecipado
O órgão regulador de medicamentos do Reino Unido liberou o remdesivir sob o Esquema de Acesso Antecipado a Medicamentos (EAMS), protocolo usado para acelerar o acesso a medicamentos não licenciados, devido as condições em que há risco de vida ou que são seriamente debilitantes, o que incluiu todas as pessoas hospitalizadas com infecção grave pelo novo coronavírus, mesmo com suprimentos inicialmente limitados.
De acordo com o protocolo EAMS, o remdesivir pode ser usado no tratamento de pacientes com 12 anos ou mais e que pesem pelo menos 40 kg. Eles devem ser hospitalizados com suspeita ou confirmação de infecção por SARS-CoV-2 e ter saturação de oxigênio diminuída no ar ambiente ou exigir oxigênio suplementar, ventilação ou oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO).
O remdesivir pelo mundo
Os EUA e o Japão também aprovaram o uso emergencial do remdesivir, enquanto a Comissão Europeia emitiu recomendações para uso compassivo e iniciou uma revisão contínua de seu uso em pacientes com coronavírus.
Testes adicionais do medicamento também estão em andamento em todo o mundo, inclusive no Reino Unido, onde está sendo testado no estudo Solidarity, da Organização Mundial da Saúde (OMS), com uma inscrição de mais de 3,5 mil indivíduos.
Um estudo na China encerrado precocemente encontrou poucos sinais de benefício com o medicamento, mas contou com número muito baixo de pacientes.
A própria Gilead também está executando seus próprios testes em fase 3, com novos dados a serem divulgados no final deste mês. Uma leitura anterior da fase 3 mostrou que um curso de cinco dias parecia ser tão eficaz quanto o regime de dez dias no tratamento de infecções por SARS-CoV-2, o vírus que causa a Covid-19.
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