Por: Financial Times

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Financial Times – 13/09/2011

Um alto executivo da Novartis integra, agora, o corpo de executivos da Fundação Bill & Melinda Gates, reforçando uma forte cooperação entre as principais empresas farmacêuticas e a maior organização filantrópica do mundo.

Trevor Mundel, 51, que chefia o desenvolvimento global da fabricante de medicamentos suíça, tomará posse em dezembro como chefe de saúde global na Gates Foundation e será responsável pelo orçamento anual de US $ 1,5 bilhão, destinado ao financiamento do desenvolvimento de novos medicamentos, vacinas e kits de diagnóstico.

A decisão sinaliza um novo impulso no compromisso da indústria farmacêutica com leis de propriedade intelectual mais rígidas, além de mais apoio e financiamento da Fundação para pesquisas, inclusive para a Novartis, que já é uma das empresas mais ativas em pesquisa de medicamentos e vacinas para doenças dos países em desenvolvimento.

No entanto, essa contratação não é bem vista por alguns defensores da saúde que têm criticado as patentes, apontadas como barreira ao acesso a medicamentos a preços acessíveis para os países mais pobres. A Novartis tem estado na linha de frente do conflito, já que se prepara para defender suas patentes na Índia para o Glivec, um medicamento de alto custo usado para combater o câncer.

Tido von Schoen-Angerer, diretor da Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais de Médicos Sem Fronteiras, disse: "É preocupante ver outro executivo da indústria nesta posição tão importante para a saúde global. Ao mesmo tempo em que ele traz habilidades importantes para o desenvolvimento da Fundação Gates, seu novo papel é mais amplo e inclui lidar com acesso e outras políticas de saúde. A fundação irá provavelmente afastar muitas pessoas dentro da comunidade de saúde global, tendo em vista os ataques implacáveis da Novartis ao sistema de patentes indiano, visando enfraquecer o acesso a medicamentos a preços acessíveis."

O Sr. Mundel se tornará o segundo na Fundação Gates vindo da indústria farmacêutica. Tachi Yamada, o ex-chefe de pesquisa da GlaxoSmithKline, que deixou o cargo em junho, após cinco anos, é o outro.

A Novartis é uma das empresas farmacêuticas com a experiência mais relevante para a Fundação Gates. A empresa vende grandes quantidades de Coartem, o tratamento pioneiro e altamente eficaz da malária, e doa medicamento para outras doenças, inclusive a hanseníase.

O Sr. Mundel disse que tinha pouca experiência com doenças negligenciadas, mas enfatizou seu trabalho com medicamentos, incluindo o Gilenya, para a esclerose múltipla e o Ilaris, para uma doença inflamatória rara. Ele destacou ainda seu trabalho em um centro de pesquisa em Hyderabad, na Índia.
 

Por Andrew Jack em Londres.