Nesta sexta-feira (17), a Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina) e o próprio Ministério da Saúde saíram em defesa do genérico do sofosbuvir.

Desde que a possibilidade da fabricação do genérico brasileiro do sofosbuvir passou a depender apenas da avaliação do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) sobre o pedido de patente da farmacêutica Gilead, dos Estados Unidos, algumas entidades da área de saúde passaram a se manifestar, de forma surpreendente, contra a eficácia da versão genérica do medicamento que cura a hepatite C em até 95% dos pacientes tratados.

Em carta, a Abifina contestou o posicionamento das associações médicas que questionaram a eficácia do esquema de tratamento para hepatite C com sofosbuvir genérico e o daclatasvir. O comunicado da entidade que reúne empresas do complexo industrial da química fina, destaca a alta taxa de cura que representou a cura pra 70 mil pessoas no Brasil, porém a um custo elevado para o Ministério da Saúde, refém do preço da farmacêutica Gilead, dos Estados Unidos, que monopoliza a venda do medicamento.

A Abifina destaca ainda a confiança que os brasileiros passaram a ter nos medicamentos genéricos desde que o primeiro medicamento genérico brasileiro foi registrado há 18 anos, com notável custo-benefício.

Leia a carta da Abifina

Já o Departamento de Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV) do Ministério da Saúde, desmentiu ponto a ponto uma matéria veiculada na última quinta-feira (16), pela revista Exame, da editora Abril, com o título “Adoção do medicamento genérico para Hepatite C pode sair mais caro do que tratamento convencional”.

Segundo a nota técnica, a matéria divulgada pela Revista Exame, que utilizou informações de entidades médicas que consideram a adoção do genérico do sofosbuvir um retrocesso (Associação Paulista para Estudo do Fígado – Apef; Sociedade Brasileira de Hepatologia – SBH; Sociedade Brasileira de Infectologia – SBI), “utiliza de informações equivocadas, cálculos que não correspondem ao cenário real, com propósito de questionar a legitimidade de uma ação que diminuiu o custo de tratamento para hepatite C em 78%”.

O comunicado acrescenta ainda que a medida está de acordo com os princípios fundamentais do SUS, permitindo a disponibilização de tratamentos para todos e garantindo a sustentabilidade financeira do Plano de Eliminação e da rede pública de saúde, cujos recursos são limitados.

Leia nota técnica do Ministério da Saúde

Retrocesso no debate

Para o coordenador do Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual (GTPI), Pedro Villardi, o único retrocesso identificado desde que a possibilidade da adoção do genérico do sofosbuvir se tornou iminente foi o do debate.

“Discutir a eficácia de medicamentos genéricos no Brasil é voltar a um assunto superado há muito tempo, injustificado do ponto de vista técnico e que ignora os resultados dos últimos 18 anos que estes medicamentos vem curando pessoas e salvando vidas”, afirmou.

Os medicamentos genéricos possuem os mesmos princípios ativos dos medimentos de referência e são produzidos sob rigorosos processos de desenvolvimento, registro e produção.

 

Leia matéria da Exame

Leia comunicados de entidades médicas contrárias ao genérico do sofosbuvir:

Associação Paulista para Estudo do Fígado

Sociedade Brasileira de Hepatologia

Sociedade Brasileira de Infectologia