Uma vacina experimental contra o HIV que atinja mais cepas do vírus do que qualquer outra desenvolvida até o momento, iniciará um ensaio clínico ainda este ano. A vacina “mosaico”, que incorpora material genético de cepas de HIV de todo o mundo, também parece ter os efeitos mais duradouros de quaisquer outros testados em pessoas.

Ensaios já realizados mostraram uma resposta imune e produção de anticorpos contra o HIV. Mas a partir de setembro, cientistas irão testar a vacina em milhares de pessoas para avaliar se a vacina oferece alguma proteção contra a infecção pelo HIV. O ensaio de fase III testará a vacina em indivíduos transgêneros e em homens que fazem sexo com homens nas Américas e na Europa.

Essas comunidades são desproporcionalmente afetadas pelo HIV, com cerca de dois terços das novas infecções nos Estados Unidos ocorrendo entre gays e bissexuais masculinos, de acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças. A equipe que conduziu o teste debateu o projeto durante a 10ª Conferência Internacional de AIDS (IAS2019), na Cidade do México.

Uma nova esperança?

“Adicionar uma vacina eficaz contra o HIV ao arsenal de medidas preventivas atualmente disponíveis para proteger as pessoas contra infecções, incluindo preservativos e um regime antirretroviral chamado PrEP, pode fazer uma grande diferença”, afirmou a epidemiologista da Universidade da Califórnia (EUA), Susan Buchbinder.

Para do epidemiologista do Centro de Pesquisa Tecnológica, Biomédica e Ambiental de Lima (Peru), Jorge Sánchez, a disponibilidade de uma vacina que requer algumas aplicações a cada dois anos poderia ser uma boa alternativa, em vez de métodos preventivos que exigem uma dose diárias, como a PrEP, ou que podem ser difíceis de manter ou mesmo acessar.

“Os pesquisadores têm lutado desde a década de 1980 para encontrar uma vacina eficaz contra o HIV. Um dos principais desafios é a incrível diversidade de cepas de HIV que circulam no mundo”, comentou o virologista do Centro Médico Beth Israel Deaconess, de Boston (EUA), Dan Barouch, que avalia que até o momento, os cientistas não tiveram muita sorte no desenvolvimento de uma vacina que atinja um patógeno tão diverso.

Mais de 100 vacinas contra o HIV foram testadas em pessoas nas últimas três décadas, mas apenas uma demonstrou alguma proteção. Em 2009, pesquisadores anunciaram os resultados de um estudo realizado na Tailândia, onde logo após os participantes receberem uma vacina experimental, passaram a ter quase 60% menos chances de se infectarem com o HIV do que aqueles que receberam o placebo. Mas os efeitos diminuíram em um ano – no final do estudo que durou 3,5 anos, os indivíduos vacinados tinham apenas 31% menos chances de serem infectados.

Pequenos testes laboratoriais da vacina Mosaico em pessoas mostraram que ela provocou fortes respostas imunológicas por pelo menos dois anos depois que os pesquisadores a administraram. As respostas aparentam maior durabilidade ​​do que as observadas no teste da Tailândia, explicou o pesquisador de Aids da Universidade Emory, em Atlanta (EUA) Guido Silvestri.

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