Chefes de estado africanos se encontraram nessa segunda-feira (3) em Adis Abeba, na Etiópia, para a implementação do plano de emergência regional liderado pela UNAIDS para acelerar o tratamento do HIV em 14 países* da África Ocidental e Central.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) reiterou apelo por um caminho claro e um forte empenho político por parte dos governos dos países afetados e de investidores internacionais para a remoção de antigas barreiras, para implementação de estratégias comprovadas e simplificadas a fim de estimular o tratamento de cerca de 4,7 milhões de pessoas que vivem com HIV e ainda não têm acesso à terapia antirretroviral (ARV).

Em 21 países da região, as menores taxas de prevalência do HIV variam de 2% a 10% por cento. Apenas 28% de adultos e 20% das crianças que vivem com HIV têm acesso ao tratamento com antirretrovirais. No último trimestre de 2016, integrantes da MSF informaram que pacientes chegavam em estágios tão avançados de HIV, que 43% em Conacri (Guiné) e 36% em Kinshasa (Congo) morreram durante a admissão, um terço morreu 48 horas depois de admitidos.

Os obstáculos que impedem a ampliação do tratamento do HIV na região, segundo relatótio da MSF, são bloqueios legais e de políticas, sistemas de saúde centralizados, baixa aquisição e gerenciamento da cadeia de suprimentos, barreiras financeiras (incluindo taxas de usuários para pacientes) e altos níveis de estigma. A MSF também pede que o Plano de Aceleração inclua em breve os demais países da região que enfrentam lacunas de tratamento semelhante.

O papel desempenhado pela sociedade civil e as associações de pacientes na reação ao HIV é essencial. A MSF testemunha a relutância dos ministérios da saúde dos governos e parceiros para integralizar a prestação de serviços, na testagem e incorporação de serviços à sociedade civil e comunidades, bem como campanhas para redução do estigma e monitoramento de serviços.

Os “observatórios de tratamento comunitário” que agora estão em funcionamento em Burkina Faso, Camarões e Congo são bons exemplos de vigilância. São entidades que necessitam de financiamento constante, suporte técnico e deveriam ser ampliadas em todos os países da região.

“Na África Ocidental, a sociedade civil e as comunidades de pessoas vivendo com o HIV permanecem isoladas e subfinanciadas, com pouco apoio da sociedade civil internacional, governos e doadores”, disse a coordenadora de advocacia em HIV da MSF, Amanda Banda.

* Benim, Burkina Faso, República Centro-Africana, Camarões, Congo, Gabão, Guiné, Costa do Marfim, Libéria, Nigéria, Chade, Togo, Senegal e Serra Leoa.

A MSF atualmente apoia o tratamento para mais de 200 mil pacientes em 19 países, em especial na África, incluindo programas e atividades de HIV na África Ocidental e Central: Congo, Guiné, República Centro-Africana, Chade, Níger, Mali, bem como outros países com baixa cobertura antirretroviral, como Sudão do Sul, Iêmen e Myanmar.

Com informações e imagem do MSF