Inibidores podem ser a chave para impedir que o HIV volte a surgir após o tratamento.

Um novo estudo divulgado nessa quarta-feira (12) no Journal of Virology (Jornal da Virologia) fornece informações sobre como o vírus HIV-1, que frequentemente persiste no organismo apesar do tratamento antirretroviral, reaparece quando o tratamento é interrompido. Mais importante, o estudo também fornece pistas sobre como impedir que o chamado rebote viral ocorra.

“Queríamos responder à pergunta ‘como o HIV se recupera quando o tratamento é interrompido, mesmo quando indetectável após muitos anos de tratamento altamente eficaz?’”, disse o professor de pesquisa no Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, Dr. Florian Hladik.

“Em princípio, sabemos como o HIV persiste escondendo-se no genoma de células infectadas na forma de provírus latente”, acrescentou o também pesquisador e co-responsável pelo estudo, Dr. German Gornalusse.

“Durante o tratamento, essas células infectadas latentes geralmente são silenciosas, mas quando o tratamento é interrompido, algumas delas voltam a produzir o vírus infeccioso. Se soubermos como essas células desencadeiam a produção do vírus e onde isso ocorre no corpo, estaremos mais aptos a prevenir o ressurgimento do HIV”, afirmou Gornalusse.

A cura do HIV enfrenta alguns dos mesmos obstáculos que a cura do câncer, observou Hladik. Mesmo com os melhores tratamentos curativos imagináveis, que notavelmente todos ainda permanecem experimentais, algumas células infectadas provavelmente permanecerão.

O estudo da Universidade de Washington analisou os mecanismos de como as células que contêm o HIV-1 podem desencadear a produção do vírus em pacientes do sexo feminino.

Para imitar a latência, os pesquisadores usaram linhas de células T contendo o vírus do HIV.

Usando células epiteliais primárias, colhidas de cirurgias ginecológicas de nove doadoras, os pesquisadores descobriram que as células epiteliais do canal endocervical do útero humano eram particularmente eficazes no desencadeamento do HIV latente. Essa capacidade foi aprimorada quando as células epiteliais foram infectadas pelo vírus do herpes simplex ou desencadeadas por outros fatores derivados de patógenos.

Os pesquisadores usaram o trato genital feminino como um sistema modelo para estudar a reemergência do HIV. Em mulheres e homens, os mesmos processos podem ocorrer em todo o intestino, porque o revestimento do intestino é coberto por um tipo de epitélio de camada única chamado “colunar”, que possui semelhanças com o epitélio que cobre a endocérvice do útero. Os pesquisadores estão, portanto, estendendo seus estudos para células epiteliais do trato intestinal. O intestino tem uma superfície muito maior que o trato genital e, hipoteticamente, desempenha um papel muito grande para a reemergência do HIV.

“Continuaremos com esses estudos, porque há muito mais perguntas a serem respondidas especificamente sobre o ressurgimento do HIV, e estamos colaborando com vários pesquisadores em Seattle para ampliar ainda mais a cura do HIV ao longo de várias linhas de investigação”, disse Hladik, que também é membro da Divisão de Vacinas e Doenças Infecciosas do Fred Hutchinson Cancer Research Center.

A pesquisa contou com o apoio dos subsídios dos Institutos Nacionais de Saúde P01 AI030731, R01 AI116292 e R01 DA040386.

Traduzido de UW Medicine

Com imagem de Getty Images