A inclusão da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) entre os medicamentos essenciais contra o HIV, no início de junho pela Organização Mundial de Saúde (OMS), expõe o atraso do Brasil na efetivação da política anunciada desde 2015.
A PrEP é hoje um dos principais métodos no combate ao avanço da epidemia, com eficácia comprovada em mais de 90% dos casos. Desde o final de 2015, o governo brasileiro anuncia a adoção da terapia no SUS, mas entre promessas e um adiamento, somente em 2017 noticiou a adoção do tratamento juntamente com a finalização de um processo de compra.
O que tornou o processo suspeito, foi o anúncio acontecer um dia antes da Anvisa aprovar o registro do medicamento Truvada para a PrEP, cuja patente pertence à gigante farmacêutica Gilead. O resultado direto pagando um preço exorbitante de monopólio.
Mas a consequência mais perversa do alto custo é a restrição do acesso ao medicamento. Em março, o relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) sugeriu a compra de apenas 7 mil kits de prevenção para o primeiro ano da PrEP no SUS, com aumento progressivo até 33.800 de usuários em 2022, um número considerado insuficiente pelas organizações de combate à AIDS no país, se levado em conta apenas o número de gays e bis brasileiros no país em dois milhões de pessoas.
A PrEP e outros países
O Brasil não é o único país a adotar uma postura que termina por restringir o alcance da PrEP. O governo inglês anunciou que o seu sistema público dará o tratamento para 10 mil pessoas em 2017, mas a seleção sequer começou. O governo justifica o baixo alcance pelos altos custos do tratamento, ainda que em longo prazo o uso da PrEP reduza o número de pessoas que precisarão de tratamento contra o HIV ao longo da vida.
A lista de medicamentos essenciais da OMS existe para ajudar os países a priorizar o fornecimento de medicamentos vitais. Vários outros, como os EUA, oferecem a PrEP. Escócia e País de Gales também já anunciaram que irão adotar a terapia.
Com informações de New Scientist
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