No último dia 4 de maio, o histórico show de Madonna em Copacabana esquentou os jornais do país com o tema da Aids, devido a sua homenagem àqueles que perderam suas vidas para a doença no Brasil e no mundo. Madonna é peça fundamental no combate à doença desde a década de 80, onde pouco se sabia sobre o HIV e Aids, e o preconceito ampliava o sofrimento das vítimas. Dentre os homenageados nas telas do grande palco estavam os rostos de Renato Russo, Cazuza, e Betinho, fundador da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA). 

Betinho, que era hemofílico, foi um impulsionador da luta contra a Aids e contra a comercialização do sangue nas décadas de 80 e 90. Aliás, foi através de uma transfusão de sangue irresponsavelmente coletado e comercializado na época que Betinho e seus 2 irmãos foram acometidos pela doença. Sua luta resultou na Lei Betinho (Lei 10.205 de 2001), hoje em risco com a PEC do Plasma (PEC 10/2022). 

Após 40 anos de epidemia, a ciência já avançou enormemente no combate a Aids. Mas os dados são alarmantes: aumentam os casos da transmissão do vírus, sobretudo entre jovens HSH (homens que fazem sexo com outros homens). Campanhas de prevenção, distribuição gratuita de preservativos e testes rápidos, profilaxia pré e pós exposição, dentre outros, ainda não alcançam as diferentes populações de maneira equânime.  

É aí que entra em cena o poderoso papel da sociedade civil e de figuras públicas na luta. Quando a Aids era chamada de “câncer gay” pelos jornais brasileiros, foi o apoio de pessoas como Madonna, além de diversas organizações que ajudaram a quebrar estigmas e desinformação, e representaram as vítimas da aids na luta contra a epidemia.  

E quando a desinformação e o estigma são os protagonistas dos aumentos de casos, precisamos de lideranças, porta-vozes, comunicadores, famosos ou não, que informem, lembrem e repitam aos quatro cantos, incluindo os que as políticas públicas ainda não alcançam, como combater a doença, que ainda existe e ainda mata.