Profilaxia Pré-Exposição, que barra o vírus da aids, está disponível pelo SUS em Goiás desde o ano passado e meta é dobrar o número de pacientes

Atualmente, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, existem 361 pacientes da PrEP no Estado. Eles estão divididos nas três unidades públicas que atualmente dispensam o medicamento: 222 no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), em Goiânia, 90 em Anápolis e 49 em Aparecida de Goiânia. Em todo o Brasil, são pouco mais de 11 mil pessoas cadastradas, conforme o Ministério da Saúde. No mundo inteiro, são aproximadamente 50 mil.

O medicamente é tomado diariamente, em uma só pílula, composta pela combinação entre tenofovir e a entricitabina – já usados no tratamento do HIV. “A eficácia é de mais de 95%”, diz a subcoordenadora de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e Aids da SES-GO, Daniele Prado. Um estudo de 2018, coordenado pela Universidade de São Paulo (USP) e financiado pelo Ministério da Saúde, CNPQ e Unesco, acompanhou 526 voluntários. Após o período de acompanhamento, não houve contágio entre os participantes.

Até hoje, no mundo todo, só houve o relato de um paciente em PrEP que contraiu o vírus, porque teve contato com uma cepa que tinha mutação que a tornou resistente ao medicamento. Um caso, no mundo inteiro, é pouco em relação ao benefício”, diz Daniele Prado.

É essa segurança que atraiu o autônomo Josano Bispo de Souza, de 39 anos, que aderiu à PrEP em maio de 2018. “Essa estratégia de prevenção foi muito positiva na minha vida, pois solucionou os maiores problemas que eu tinha naquele momento: a dificuldade em usar preservativos e o medo da infecção pelo HIV. Hoje me sinto mais seguro”, diz.

Existem critérios para a utilização da profilaxia pré-exposição. Segundo as diretrizes do Ministério da Saúde, as populações-chave são os gays e demais homens que fazem sexo com homens, transexuais e profissionais do sexo. Casais heterossexuais em que um dos parceiros tenha o vírus e o outro não podem utilizar a PrEP em algumas condições, como nos casos em que aja o desejo de engravidar por vias naturais.

Perspectiva favorável com a PrEP 

Em Goiás, atualmente, há 9.046 casos registrados de infecção pelo HIV. A média tem se mantido estável, desde a implantação do teste rápido, em 1.550 novos casos por ano. Diante desses números, Daniele Prado acredita que a adesão à PrEP tem sido positiva. “Estamos fornecendo há apenas um ano. Se, em dois anos, conseguirmos dobrar o número de pacientes, eles já representarão metade das infecções anuais. E serão 700 novos potenciais casos a menos”, afirma.

Alguns fatores contribuem para que a procura não seja maior. A desinformação é a principal. Algumas pessoas temem os efeitos colaterais. Os mais comuns são náusea, cólicas, perda de peso e diarreia, que costumam ser temporários. “Não tive qualquer reação. Essa questão varia de organismo a organismo. Então não é uma garantia que a medicação trará efeitos colaterais”, conta Antônio (nome fictício), outro paciente em PrEP ouvido pelo Jornal Opção.

PrEP rumo ao interior

O número de pessoas que se beneficiam da prevenção por meio de medicamentos deve aumentar com a interiorização da distribuição. Em outubro, equipes de cidades que são referências regionais, como Itumbiara, Catalão, Caldas Novas, Rio Verde, Jataí, Iporá e Cidade Ocidental, serão capacitadas para atender quem pretende aderir à PrEP. A partir de setembro, os SAE/CTA (Centro de Testagem e Acompanhamento) começam a entregar os medicamentos.

“Os profissionais serão capacitados para receber, orientar, ouvir essas pessoas e pedir os exames necessários”, explica Daniele Prado. Depois desse primeiro contato, o usuário recebe medicamento suficiente para 30 dias. Após esse período, as retiradas passam a ser a cada 90 dias, quando são realizados os exames de acompanhamento.

Ao contrário do que se possa imaginar, segundo Daniela Prado, não há constatação de que a PrEP estimule as pessoas a abandonarem o preservativo. Segundo ela, o mais importante é ter conhecimento de que atualmente existe um arsenal importante para a prevenção de novas contaminações: o teste rápido, oferecido nas unidades de saúde, o preservativo, o tratamento, a PrEP e a profilaxia pós-exposição.

“Em países, que já utilizam a PrEP há algum tempo, há registro de diminuição dos novos números de infecção. Espero que isso se repita aqui. Quando temos 360 pessoas se prevenindo [com a PrEP], temos 360 novos casos a menos”.

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