Apesar da eficácia em estudos preliminares, especialistas alertam contra uso indiscriminado de Avifavir. Medicamento foi aprovada em regime de registro acelerado pela autoridade em Saúde russa.

Depois de atender às necessidades do mercado interno, a Rússia poderá exportar para a América Latina o medicamento Avifavir, aprovado pelo Ministério da Saúde russo. A informação foi divulgada pelo diretor da Fundação Russa para Investimento Direto (FRID), Kirill Dmítriev. A instituição é responsável pela fabricação do medicamento contra a Covid-19.

O Avifavir é o primeiro medicamento russo com ação antiviral direta que demonstrou eficácia em ensaios clínicos, revelando-se capaz de romper os mecanismos de reprodução do novo coronavírus. É baseado na formulação utilizada no Japão desde 2014 sob o nome genérico Favipiravir, para casos graves da gripe Influenza.

Aprovada pelo Ministério da Saúde em 21 de maio, a fase final dos ensaios clínicos do Avifavir está em curso e conta com a participação de 330 pacientes.

“Sessenta e cinco por cento dos pacientes que tomaram o medicamento se livraram do vírus no quarto dia, em comparação com 30% dos pacientes em terapia padrão. Mostramos que a droga é eficaz, que funciona”, afirma Dmítriev.

O primeiro lote será enviado ao Serviço Federal de Vigilância em Saúde (Roszdravnadzor) para entrega nos hospitais russos já no próximo dia 11. Serão os primeiros 60 mil lotes de tratamento que prevê a disponibilidade de 60 mil tratamentos por mês.

“Assim que a demanda na Rússia for atendida, acreditamos que também será possível fornecê-la para o exterior. Existem muitos pedidos dos países do Oriente Médio e da América Latina. A Rússia pode se tornar uma exportadora desse produto”, declarou o diretor.

Controvérsias

O Avifavir foi registrado logo após a primeira etapa do estudo, que contou com a participação de 60 pessoas. De acordo com diversos especialistas, porém, a amostra considerada é pequena para determinar eficácia comprovada e tirar conclusões.

Para o vice-diretor do Centro Nacional de Pesquisa Médica em Fisiopulmonologia e Doenças Infecciosas, Vladímir Chulanov, o principal objetivo da primeira etapa do ensaio não era avaliar a eficácia do medicamento, mas ajustar a dose mais adequada.

Em outros países, incluindo no Japão, o Favipiravir ainda não foi registrado como medicamento para tratar a Covid-19.

O único estudo envolvendo Favipiravir cujos resultados foram publicados em uma publicação científica aconteceu na China e teve a participação de 80 pacientes.

De acordo com o jornal on-line Meduza, de Riga, Letônia, os dados também não são suficientes para comprovação de eficácia do medicamento, devido ao número reduzido de participantes e dos indicadores indiretos de melhora nos pacientes. Além disso, o estudo não foi randomizado, ou seja, os participantes não foram divididos aleatoriamente em grupos, o que tornaria os resultados ainda menos confiáveis.

Publicado em Gazeta Russa

Com imagem de РБК