Palavras de ordem, cartazes e muito barulho. Acadêmicos e ativistas protestaram no último domingo (24), na conferência de imprensa realizada durante a cerimônia de abertura da nona edição da Conferência Científica da Sociedade Internacional de Aids (IAS 2017), em Paris.

O evento, essencialmente científico que reúne seis mil especialistas de HIV/Aids na capital francesa até quarta-feira (23), teve um tom predominantemente político com fortes críticas às reduções e cortes de investimento estatais em todo o mundo que já estão impactando de forma negativa no acesso aos medicamentos e ao controle da epidemia.

Ativistas subiram ao palco pedindo acesso universal a medicamentos antirretrovirais existente e aos novos, especialmente aos mais pobres, por meio de sistemas de saúde pública e o fim de políticas discriminatórias que impedem o progresso e o fim da Aids.

O presidente francês Emmanuel Macron foi o principal alvo dos manifestos. Com cartazes com a inscrição “Shame on Macron” (Vergonha, Macron), o mandatário foi lembrado por abandonar a proposta do ITF, um imposto sobre transações financeiras que reverteria parte dos recursos para as políticas de saúde, incluindo o HIV/Aidse tiraria o fundo francês da estagnação.

Mesmo com a expectativa de avanços durante o encontro, na abertura prevaleceu a insatisfação. A coordenadora de Atividades no Combate ao HIV/Aids dos Estados Unidos, Deborah Birx, ao mesmo tempo que declarou o apoio total da administração Trump, não dissipou as dúvidas sobre eventuais cortes no orçamento para pesquisas e ações contra a epidemia, e afirmou que esta resposta virá em outubro na apresentação do novo programa do governo.

O anúncio vai evidenciar o nível de compromisso do governo Trump do pais que mais investe pesquisas sobre HIV/Aids no mundo, elmbrando que, em junho, seis dos 15 membros do Conselho Consultivo da Presidência dos Estados Unidos sobre HIV/Aids (PACHA) pediram demissão em protesto pela destruição das políticas e retrocessos em seis meses de Donald Trump. Na ocasião, chegaram a comunicar à imprensa que o presidente simplesmente “não se importa” com o tema.

Homenagens

A abertura também contou com homenagens à ativista sulafricana, Prudence Mabele, referência na luta pelos direitos de mulheres e crianças que vivem com o HIV e contra a violência de gênero, que morreu no último dia 10 de pneumonia, aos 46 anos, e ao pesquisador canadense Marc Wainberg, pioneiro na pesquisa sobre HIV e responsável pela primeira terapia tripla. Ele faleceu em abril aos 71 anos.

Com informações de Seronet , Le Quotidien du Medecin e Science et Avenir