Prestes a adotar o genérico do sofosbuvir, medicamento que cura a hepatite C, o Brasil sofre as investidas por meio de lobby e pressões da farmacêutica Gilead para a manutenção do monopólio que até então garantiu lucros extratosféricos à empresa. A situação foi denunciada pelo grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual (GTPI) durante a Conferência Mundial de Aids, #AIDS2018, em Amsterdã, na Holanda.

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“A aprovação do genérico do sofobuvir representa um avanço em todas as questões que o GTPI tem lutado como a queda de preço, expansão do tratamento, usos de opções genéricas para tratamento de doenças e quebra de monopólio”, afirmou o coordenador do GTPI, Pedro Villardi.

Segundo o coordenador, a versão genérica do medicamento vai representar ao governo brasileiro uma economia na ordem de R$ 1 bilhão no orçamento da Saúde, abre a possibilidade da expansão do tratamento para 50 mil pessoas com a queda de preço.

Mesmo na iminência da introdução do genérico, a farmacêutica reage. “Vemos uma série de cartas sendo publicadas pela empresa e por entidades médicas trazendo à tona um debate já superado da eficácia dos genéricos, contestando a qualidade sem uma comprovação técnica”, comenta o coordenador.

A Gilead também acirrou a disputa no âmbito do INPI, órgão do governo federal que concede patentes de invenção, na tentativa de convencer o instituto a mater o seu monopólio. “Estamos atentos, mobilizados com outras entidades da sociedade civil que acompanham o tema do acesso a medicamentos e mostrando também ao INPI que, tecnicamente, esta patente não é valida”, disse Villardi.

O protesto do GTPI em Amsterdã aconteceu durante o chamado Bad Pharma Tour, um movimento global que levou ativistas e participantes do encontro a cada estande de companhias farmacêuticas para dizer, via alto-falante, tudo o que cada uma faz para restringir o acesso, manter lucros abusivos e patentes de forma ilegal às custam de milhares de vidas ao redor do mundo.