Independente das explicações que gestores da saúde repetem para a imprensa, quando o Ministério da Saúde justifica que a distribuição é responsabilidade dos estados, ou quando os estados, por sua vez, explicam que a entrega por parte do ministério não foi realizada, os riscos que envolvem a interrupção do tratamento recai de modo “irremediável” sobre a população que precisa.

Entenda a dimensão do problema para as pessoas:

  • Adesão em risco

A pessoa que se depara com a sua medicação fracionada ou em falta nos postos e hospitais pode sentir um grande desestímulo à continuidade do tratamento e o abandono provisório ou permanente. Em geral, são cidadãos que enfrentam conduções, filas para atendimento com a necessidade inadiável de receber uma medicação que, de tão cara, muitas vezes não está disponível em farmácias. Lembrando que o acesso aos antirretrovirais é uma conquista dos soropositivos brasileiros garantida por lei (Lei 9313/96).

  • Rebote viral

Uma das consequências mais sérias e dramáticas é a perspectiva de acontecer o chamado “rebote viral”, quando o vírus volta a se multiplicar no organismo causando o avanço de doenças. Ficar sem tomar os remédios, mesmo por um período curto, pode proporcionar condições para o vírus criar resistência aos ARVs, de forma e a medicação para de fazer efeito mesmo que a interrupção do tratamento seja por um período curto.

  • Recomeço e adaptação

Após o rebote viral, a pessoa precisa modificar o tratamento e dar início à adaptação aos novos antirretrovirais, incluindo seus prováveis efeitos colaterais. Essa possibilidade tem entre os sintomas mais comuns diarreia, enjoos e alterações hepáticas, todos acarretando perda da qualidade de vida.

Faça sua denúncia

Iniciar ou reiniciar um tratamento com ARVs, pode ser uma difícil experiência emocional para muitas pessoas.  Interrupções no acesso podem agravar esta experiência e resultar em prejuízos emocionais e sociais consideráveis e que podem comprometer o futuro do tratamento e a saúde física e mental das pessoas.

O Grupo de Trabalho sobre Proteção Intelectual (GTPI) criou um canal para receber denúncias de todo o Brasil sobre a falta de ARVs. Para utilizar o ZAP do Desabastecimento, basta enviar uma mensagem informando qual ARV está faltando, por quanto tempo, em qual posto médico e cidade pelo whatsapp no. 21 9997 64913.

É preciso que as quatro informações estejam completas para que a denúncia seja replicada nas redes do GTPI e encaminhadas para os gestores locais.

Com imagem de Oxford