“Enquanto houver monopólios sobre medicamentos, milhões de pessoas continuarão morrendo sem necessidade”. A fala extraída do documentário Fire in Blood” é um recorte que pode resumir a notável reação de pessoas ao redor do mundo contra as empresas farmacêuticas ocidentais e governos, que em 1996, bloquearam o acesso a medicamentos de baixo custo para a Aids em toda a África e no sul global causando cerca de 10 milhões de mortes.

O filme abriu a quarta edição do Seminário de Capacitação em HIV – Aprimorando o Debate III, em Porto Alegre, que trata do tema “Assistência e Linhas de Cuidado”.

O evento, que segue até sexta-feira (23), é realizado pela Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA).

O coordenador do Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual (GTPI), Pedro Villardi, explicou para os cerca de 70 participantes que de 1990 até hoje, as tentativas as indústria farmacêutica passará a assumir outras formas, mas persistem.

“A corporações farmacêuticas continuam fazendo de tudo pra bloquear a entrada de medicamentos genéricos mais baratos nos mercados de todo o mundo, incluindo mercados que tradicionalmente tinham acesso como União Europeia e Estados Unidos, que agora sentem no próprio orçamento os efeitos das patentes aumentando o preço dos medicamentos sem nenhum controle”, comenta Villardi.

Embora alguns governos europeus e de outras partes do mundo tenham criado iniciativas para lidar com os altos preços, nos países de renda média, como o Brasil, Villardi aponta que a situação segue dramática com medicamentos sob patentes e de custo cada vez mais alto sob financiamento do sistema público de saúde.

Assistência e Linhas de Cuidado

A quarta edição do Aprimorando o Debate, conclui uma série eventos onde o primeiro discutiu a Relação entre governo e Sociedade Civil na Resposta à Epidemia; o segundo, o Estigma, e o terceiro: a Prevenção.

“É um seminário especial com um tema complexo e desafiador. Vamos tratar aqui das questões individuais e culturais relacionadas ao cuidado, mais as questões estruturais como a situação dos serviços e do acesso a medicamentos”, avaliou o vice-presidente da Abia, Veriano Terto.

O objetivo é que participantes do campo do campo do ativismo, universidade e gestão estejam mais alinhados e aptos a enfrentar os desafios que a assistência ainda impõe na questão do HIV/Aids.

“É importante conhecer as pessoas que estão engajadas nesta luta, pessoas novas, pessoas que se empoderem, se fortaleçam e que venham a agregar porque estamos em um momento crucial para fortalecimento das redes. Este é o momento para aproveitar o fato se estarmos juntos”, disse Veriano.