Uma estimativa sobre quantas pessoas precisariam estar em PrEP, para o Brasil atingir o controle da epidemia de HIV, foi feita com base no mesmo cálculo de um trabalho publicado em 2018, com a população dos Estados Unidos.

Os autores lembram que as características e dinâmicas da epidemia são diferentes entre os dois países, portanto, o exercício é válido apenas para fins de estimativa, aplicado aos homens gays e bissexuais, considerados prioridade para uso de PrEP pelo Ministério da Saúde do Brasil.

Em 2016, uma pesquisa do Ministério da Saúde entrevistou 12 mil pessoas, 86,6% dos homens tinham vida sexual ativa no ano anterior à pesquisa e 7,9% deles relataram sexo com outros homens. Isso significa que cerca de 6.390.345 são homens gays e bissexuais sexualmente ativos. Aplicando sobre eles o cálculo americano, cerca de 1,5 milhão desses homens se beneficiariam do uso de PrEP.

O último levantamento do Ministério da Saúde, determina que há cerca de 13 mil usando PrEP gratuitamente em todo o país, sendo 77% de homens gays e bissexuais. Esse é sem dúvida um número muito menor do que o ideal, evidenciando que existe ainda uma parcela grande dessa população desassistida.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a incidência de HIV só começou a cair nos estados com maior expansão da PrEP quando 250 mil pessoas estavam usando a estratégia no país. Mas é importante lembrar que lá não existe distribuição gratuita como política pública de saúde e quem deseja iniciar o uso de PrEP precisa quase sempre pagar (e caro) por isso.

A conclusão é de que nunca houve na história uma oportunidade tão favorável para controlar a epidemia de HIV como a atual, porém o acesso desigual à saúde, problema crônico no Brasil, é um importante obstáculo para o sucesso.

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