O Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual (GTPI) e a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA), realizam nesta quinta (19) e sexta-feira (20), a oficina Primeiros Passos sobre Saúde e Acesso a Medicamentos, na Fiocruz, em Manaus.

No primeiro dia, o ativista, Juan Carlos apresentou como o vírus HIV age sobre as células do sistema imunológico humano até a sua evolução para o quadro da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Ele fez ainda um histórico do desenvolvimento de tratamentos desde o início da epidemia e fez um panorama dos tratamentos e dispositivos inovadores que já estão em fase de testes.

Após a apresentação do documentário Pills (Pílulas), que mostra como os movimentos sociais na África do Sul se mobilizaram no início dos anos 1990 para ter acesso aos tratamentos que até então não estavam disponíveis no país por desinteresse comercial da indústria farmacêutica e pela proteção de patentes, o coordenador de projetos do GTPI, Felipe Carvalho, destacou a importância da disseminação do conhecimento para que a sociedade civil seja uma agente de demandas políticas.

“O que nós percebemos é que sempre houve desde o início da resposta à epidemia uma divisão no mundo para a destinação diferenciada de tratamentos entre países ricos e pobres. O primeiro tratamento chegou a custar US$ 10 mil e não tinha como ser comercializado em regiões como o Sul Global..É importante trazer estas discussões pra lutar contra essa injustiça”, afirma Carvalho.

O objetivo da Oficina de primeiros passos é que cada paciente se torne um ativista que tenha conhecimento técnico e dos seus direitos, desde uma relação mais horizontal e participativa com os médicos sobre opções de tratamento, à exigência de que tratamentos inovadores com menos efeito adversos e mais eficazes sejam disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde.

“Muitas conquistas no acesso a medicamentos no Brasil só existem porque houve luta e pressão da sociedade e o Brasil acabou se tornando referência no mundo”, explica.

Na impossibilidade da descoberta de um medicamento perfeito para todas as pessoas, é fundamental que várias opções de tratamento estejam disponíveis. São os pacientes que devem transformar criar essa demanda política”, explica.