Com gritos de palavras de ordem e várias mensagens em cartazes, representantes da sociedade civil e ativistas invadiram o palco para expor reivindicações durante a cerimônia de abertura do 11o Congresso de HIV/Aids e 4o Congresso de Hepatites Virais que acontece nesta terça-feira (26) e segue até sexta-feira (29), em Curitiba.

Foram mensagens exigindo ações de atenção às mulheres, aos poucos jovens e população LGBT, pelo fortalecimento do SUS e pelo fim do preconceito e do estigma invadiram o palco durante a fala do coordenador da Comissão Nacional de Articulação com Movimentos Sociais (CAMS) do Ministério da Saúde, Amauri Lopes, durante o tempo em que leu um manifesto elaborado pelo Movimento Nacional de Aids.

“Vivemos sob um clima de que não existe mais pessoas na fila para o tratamento de Hepatite C, mas os dados do Ministério da Saúde informam que existem 150 mil pessoas co-infectadas, e poucas delas receberam tratamento, apesar de terem prioridade. Dentre o total de 60 mil pacientes com Hepatite C tratados no Brasil nos últimos dois anos, uma minoria é de co-infectados. não há meta clara de ampliação de tratamento para essa população. Ou seja, não é que a fila foi zerada. Ela nem foi devidamente formada ainda”, considerou o coordenador da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Veriano Terto.

Diante de um período de retrocessos e cortes radicais nos investimentos públicos em Saúde, Terto avaliou os protestos da sociedade civil como um sintoma urgente da necessidade de um debate sério, transparente e de uma gestão da Saúde com base nos princípios dos direitos humanos.

“No caso da prevenção do HIV/Aids temos um medicamento eficaz como o Truvada sendo oferecido apenas para 7 mil pessoas por enquanto, isso precisa ser ampliado e o debate da profilaxia pré-exposição (PrEP) deve ser orientado tendo a vida e a dignidade das pessoas como princípios, bem como o combate ao preconceito e o estigma”, avaliou Terto.

No início da cerimônia, chamado para o palco, o titular da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), Adeilson Loureiro Cavalcante, que representou o ministro da Saúde, Ricardo Barros, foi recebido com vaias pela plateia seguidas dos gritos de “Fora Temer”, assim como o diretor-geral da Secretaria da Saúde, Sezifredo Paz, que representou o governador do Paraná, Beto Richa.

Ações de denúncia e protestos no stand da Anaids

Quem quiser manifestar o seu apoio à quebra de patentes do medicamento que cura a Hepatite C, Sofosbuvir, e à Profilaxia Pré-Exposição, Truvada, pode passar no stand da Articulação Nacional de Aids, na chamada Vila Social do evento, o carimbar as caixas dos medicamentos com a estampa “Livre de Patentes”.

“É uma forma lúdica de protestar para que o governo se apresse em agir no caso do Sofosbuvir, que recebeu dois pareceres (Anvisa e INPI) pela rejeição. O governo deve agora buscar versões genéricas para ampliar definitivamente o acesso, pagando um preço infinitamente menor que o do laboratório”, explicou o coordenador do GTPI, Pedro Villardi.

Outra ação é o ZAP do Desabastecimento. De qualquer lugar do Brasil, qualquer pessoa pode denunciar a falta de medicamentos antirretrovirais enviando uma mensagem pelo whatsapp 21 99976 4913, informando qual antirretroviral está faltando, em qual unidade de saúde, estado e município e por quanto tempo ocorreu o problema.

“Embora a responsabilidade da distribuição dos medicamentos seja do governo, as informações passadas pela própria população vão nos dar evidências da dimensão real de um problema que sabemos que está acontecendo, mas não está sendo divulgado, disse Villardi.

A falta de medicamentos, mesmo temporária, pode comprometer a eficácia do tratamento e em alguns casos produzir resistência do vírus entre outros transtornos.

Entre as entidades presentes que protestaram estavam: